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207- Campeões Mundiais: Alexander Alekhine

Alexander Alekhine (1892-1946) 

Alekhine foi um dos grandes mestres mais originais e taticamente mais brilhantes de todos os tempos e, com a possível exceção de Fischer, o mais dedicado ao xadrez. Tinha a fome de conquista que caracteriza os grandes jogadores. Passou cinco anos preparando-se para sua vitória contra Capablanca.

Na sua fase áurea, em torno de 1930-34, ele dominou seus rivais, e nos torneios de San Remo (1930) e Bled (1931) terminou, respectivamente, com 3,5 e 5,5 pontos à frente dos participantes de fama mundial. A última fase de sua vida foi marcada pelo consumo excessivo de bebidas e pela sua colaboração com os nazistas durante a guerra.

Alekhine nasceu em Moscou, de uma família rica e aristocrata. Seu irmão mais velho, Aleksei, também era enxadrista e, como não era permitido a garotos freqüentar os clubes de xadrez da época, ambos desenvolveram seu talento com o xadrez postal. Alekhine não era um prodígio como Morphy e Capablanca, mas seu desempenho evoluiu rapidamente durante a adolescência e, aos quinze anos, já derrotava alguns mestres. Em 1914, tornou-se o terceiro, depois de Lasker e Capablanca, no grande torneio de São Petersburgo, mas então vieram a guerra e a revolução. Venceu o Campeonato Soviético em 1920 e depois partiu para o Ocidente, tornando-se cidadão francês.

Dizem que Alekhine esperava jogar com Capablanca desde 1914 e antes mesmo de Capa enfrentar Lasker. O carisma de Alekhine vinha de suas táticas lógicas porém ousadas que se baseavam freqüentemente no desenvolvimento lento do adversário; suas anotações lúcidas e articuladas e sua personalidade impulsiva eram o contraponto perfeito à elegância despreocupada de Capa. Foi particularmente severo com estrategistas convencionais como Rubinstein e Tarrasch.

Após tirar o título mundial de Capablanca, cresceu em Alekhine o desejo de dominar os outros enxadristas. Seu auge foi em San Remo, 1930, onde obteve catorze pontos de quinze. Em Bled, 1931, seu desempenho foi menos convincente, mas triunfou por 5,5 e derrotou Flohr.

0 último grande sucesso de Alekhine em sua melhor fase foi em Zurique, 1934, após o qual seus resultados tornaram-se um tanto apagados. Seu problema de alcoolismo acentuou-se e afetou seu jogo e seu comportamento durante a inesperada perda do título mundial para Euwe, em 1935. Chocado pela derrota, entrou num treinamento rigoroso e abstêmio e recuperou o título dois anos depois.

Alekhine ainda era um adversário difícil para qualquer um. Botvinnik descreveu como, em Nottingham, 1936, quando em posições complexas, ele se levantava - depois de executar seu lance - e começava a rodar em volta da mesa como uma pandorga. Jogando contra Botvinnik, manteve sua "imitação de pandorga" por vinte minutos, enquanto este lutava interiormente para escapar à pressão psicológica. Era uma partida vital para ambos, a primeira entre o então campeão soviético e o russo "branco" que emigrara.

Em seus últimos anos, Alekhine foi um dos principais participantes dos torneios nazistas da guerra e uma série de artigos anti-semitas foi publicada sob seu nome. Seu jogo deteriorou ainda mais depois de 1943. Quando, em 1946, aceitou um desafio pelo título de Botvinnik, poucos achavam que ele tinha alguma chance; mas, enquanto se preparava para a decisão, Alekhine morreu repentinamente em Lisboa.

Jogou em 87 torneios em sua vida, dos quais venceu 62 - um recorde; depois de 1912 ele só ficou uma vez em Nottingham, 1936 - fora dos quatro primeiros lugares. Se você gosta do xadrez tático e também de estratégias e jogos posicionais, Alekhine é um excelente modelo de como jogar xadrez.

Biógrafo: Marcos Koatz

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